Livro conta como 50 espécies vegetais, do tabaco à samambaia, transformaram a vida no planeta
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Seringueira, árvore da qual se extrai o látex para a fabricação da borracha (Thinkstock) |
O
jornalista e escritor inglês Bill Laws é interessado por jardinagem e
tem livros escritos sobre o assunto, como The Field Guide to Fields (O guia de Campo dos Campose) e The Curious History of
Vegetables (A Curiosa História dos Vegetais). Em seu primeiro trabalho publicado no Brasil, 50 Plantas que Mudaram o Rumo
da História (Sextante, 224 páginas), o autor fala
de plantas como tabaco, café e cana-de-açúcar, com trajetórias mais conhecidas,
mas também de como a pimenta-do-reino influenciou o sistema bancário mundial, a
tulipa causou o primeiro grande colapso financeiro do mundo e o cânhamo – uma
das denominações da maconha – serviu de matéria-prima para o papel em que foi
impressa a declaração de independência dos Estados Unidos.
Laws mostra no livro como nossa concepção sobre espécies vegetais muda ao longo do tempo. Na Europa dos séculos XVI e XVII, quando imperavam a tensão religiosa e a superstição, a batata era considerada "obra do diabo", por suas “curvas voluptuosas” e “formas sugestivas”. Para piorar, havia relatos de que pessoas que consumiam o tubérculo cru sofriam de eczema, uma inflamação cutânea então considerada um tipo de lepra. Em 1795, o escritor inglês David Davies registrou que "embora a batata seja um excelente tubérculo, não parece provável que seu consumo venha a se tornar normal neste país". A popularização do fish and chips, prato típico inglês com peixe e batatas fritas, mostrou que Davies estava errado.
10 plantas que mudaram o rumo da história
Cana-de-açúcar
Originária da Nova-Guiné, a cana-de-açúcar começou a ser refinada há cerca de 2.500 anos, em Bihar, na Índia. Os lucros obtidos com o seu cultivo, baseado no trabalho escravo, impulsionaram a Revolução Industrial. Nas colônias americanas, a expectativa de vida média de um escravo de uma plantação de cana-de-açúcar era a metade daqueles que trabalhavam com algodão ou tabaco, devido ao ritmo frenético de trabalho e ao maior esforço físico. Apesar das leis contra o tráfico de escravos que começaram a ser adotadas em diversos países no século XIX, quem realmente acabou com a escravidão nas plantações de açúcar foi a economia. Nações como Alemanha e França começaram a extrair açúcar da beterraba, que surgiu como uma opção ao monopólio britânico sobre a cana-de-açúcar. Em 1845, a beterraba esmagava o comércio de açúcar do continente americano. Muitos proprietários de plantações de cana-de-açúcar se salvaram graças às indenizações pagas pela perda de seu negócio.